Meio ambiente talvez, quem sabe, sobre só a metade?

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Protestos no Paraguaçu


        
   


































Viagem de volta,  manifestações e tensão na estrada!

     


No dia 26 de Setembro de 2011, na B.R 116, que liga à cidade de Salvador capital ao interior baiano, à altura do Município de Paraguaçu, uma multidão formou-se na entrada a leste da cidade para protestar em prol da construção de um redutor de velocidade: o famoso quebra-molas, solicitado à Via Bahia, concessionária e administradora da estrada, pois, no local teria acontecido vários acidentes fatais com vitimas, um dos quais, foi ocasionado pela alta velocidade de um carro de passeio guiado por pessoas, jovens moradores da cidade, que após ingerir bebidas alcoólicas esbarraram na traseira de um veiculo de carga causando a morte de seus ocupantes durante  o impacto.
      Já no dia 24 de Setembro mais um acidente no local acirrou os ânimos, revoltando a população que já havia comunicado o fato a administradora Via Bahia, sobre o perigo oferecido no local e também á Polícia Rodoviária Federal, pois segundo moradores, a negligência da administradora Via Bahia, levou a causar o atropelo de mais um morador da cidade, causando assim revolta de toda a população, que reuniu-se, para o imediato fechamento da rodovia  no intuito de conseguirem suas reivindicações.
       Mas, no ultimo domingo, dia 25 de Setembro, formou-se mais uma aglomeração de moradores e parentes das vitimas e lideranças da comunidade para unidos, manifestarem através do fechamento da citada BR, na intenção de impedir o transito enquanto não se construísse os redutores, pois, a construção dos mesmos, não foram concedidos a tempo pela administradora da estrada, que mesmo diante dos acidentes e tendo  feito promessas aos moradores, não construiu os redutores  a tempo causando um novo acidente, caso tivessem construído a tempo,  teria evitado novos acidentes no local,  já que as solicitações já haviam sido feitas com antecedência, mesmo porque, deve-se trabalhar preventivamente.
       Com a população revoltada  ficou impraticável um dialogo, e assim resultando no fechamento da rodovia até as duas horas da manhã de domingo, segundo informações local, causado pelo descaso  e morosidade da concessionária em atender as solicitações, provavelmente por ser em final de semana, assim adiaram para a semana seguinte, coincidentemente levando a mais um acidente, causando a morte do morador no sábado.
        Na segunda feira dia 26, as13 horas quando retornava para Jequié, adentrávamos nas imediações da cidade, quando esbarramos em uma fila de carros que já atingia um quilometro e meio. Ao longe,  vislumbrava uma enorme cortina de fumaça escura levada pelo vento, segundo experiência, parecendo fumaça oriunda de pneus queimados. A fumaça atingia quilómetros de distancia, pensamos ser até fruto de um grave acidente. Paramos o carro na fila e observamos por um longo tempo, logo, percebemos que alguns dos veículos de pequeno porte, aventuravam-se pela mão contrária e aproximavam-se até a  cidade, resolvemos fazer o mesmo no intuito de prosseguir a viagem, já que alguns carros conseguiam passar.
          Quando nós nos aproximamos, deparamos com uma multidão enfurecida que quebravam a pavimentação e queimavam grande número de pneus e outros materiais inflamáveis, levantando densa cortina de fumaça escura. Observando as imediações, havia um desvio a esquerda  da estrada principal,   entrando em uma vicinal, paralela a rodovia, estrada de chão, cascalhada, onde parecia que iríamos burlar o manifesto. Adiante, havia também alguns carros parados e  impedidos de continuar, pois havia mais um bloqueio, só deixavam passar ambulâncias, ou um carro ou outro que estivesse transportando enfermos e emergências. Havia alguns moradores revoltados que estavam dispostos a impedir a passagem de veículos a qualquer preço e impedir que alguém furasse as barreiras. Um senhor de cor negra, aparentando 65 anos de idade,   trabalhador rural e alguns outros rapazes moradores da região e meninos de 13 a 17 anos, menores de idade, os ajudavam e estavam ali gritando e ameaçando, qualquer um que tentassem avançar, seguravam paus e outros objectos, inclusive pedras, prometendo atira-las, caso ousassem enfrentá-los. Saltei do caro e dirigir ao grupo perguntando-lhes: o que haviam acontecido? Eles contaram a história e, disseram que só deixaria alguém passar, quando a empresa viesse fazer os redutores de velocidade, pois já havia acidentado varias pessoas daquela comunidade, inclusive alguns eram parentes. Disse-lhes comentando, infelizmente aqui no Brasil as coisas acontecem de maneira tardia, acontecendo  grandes prejuízos, muitas vezes por omissão, ou por falta de uma política preventiva, disse, dando-lhes razão, pelo simples fato de vivermos esta realidade no dia a dia. 
     Votando ao carro, resolvemos ganhar tempo,  deixamos estacionado em  local seguro, seguimos a pé até o centro da cidade que ficava a alguns metros do local onde paramos. Enquanto andávamos, prestávamos à atenção às pessoas falando e esbravejando próximo ao manifesto.  Passava das 13 horas e resolvemos almoçar no restaurante  da cidade no Posto Paraguaçu  para ganharmos tempo, enquanto surgisse uma solução, ou seja,  paramos onde  costuma parar durante as viagens de Jequié a Salvador.
        Após o almoço, deixei a família esperando no Posto  e fui ver como andavam as negociações, aproveitei para registrar os fatos registrando algumas fotografias. Pessoas gritavam e falavam mal, discutia entre si e falavam que iria quebrar tudo, alguns irados. Uma senhora esbracejava e alguns rapazes também, um deles, era um dos que eu havia encontrado e conhecido anteriormente, também estava ali, e reunia-se com outros, dizendo que iria botar para quebrar, pois a empresa Via Bahia, tinha prometido vir fazer o quebra-molas, e não tinha aparecido até então.   Tentando acalmar alguns ânimos dos que estavam ali perecendo comandar, exigindo o famoso quebra-molas. Perguntei: quem esta liderando o movimento? Disseram, é aquele rapaz ali, apontando para um homem de meia altura de cor parda, aparentava quarenta anos de idade.  Andava de um lado para outro, comunicando-se e acalmando os companheiros. Enquanto isto, a Policia Federal, que se fazia presente, também tentava  acalmar os ânimos, tentando negociar com um outro  homem, de cor branca, aparentando 45 anos. Ambos tentavam debater, cada qual defendendo um ponto de vista.  A polícia, falava que aquilo iria trazer mais prejuízos e poderiam acontecer acidentes piores, o outro falava que estavam cansados de esperar por uma solução e a empresa nada fazia, os ânimos se exaltaram para ambos, eu tentei mais uma vez acalmar, conversava com um, aconselhava outros, tentando equilibrar a discussão. Falando com um dos manifestantes, disse. Peça a garantia de um documento escrito e, peça a eles para assinarem um termo de acordo para fazer o quebra-molas. E falava também com a polícia, para assinarem um termo, enquanto resolvessem os problemas, ate liberarem a pista. Os policiais irritados, pediam então que eles parassem de cortar a estrada.  O homem que coordenava em favor dos moradores, dirigiu-se então para o grupo, tentando acalmar mais uma vez e mandando parar imediatamente as escavações, tentando com isto, tomar as ferramentas, alguns se recusavam a parar, ao mesmo tempo, muitos  outros gritavam palavras de avançar, continuando com as ferramentas em punho, escavando... escavando... enquanto as labaredas do fogo ardiam. O líder então disse, que iria se retirar e deixar para que eles resolvessem. Já que não queriam lhes ouvir? Neste momento, dirigindo a palavra a vários dos manifestantes, tentando convencê-los a parar, já que o acordo já estava em andamento. Um deles perguntou bruscamente, e quem é você? Eu falei que era uma das partes interessada, usuário da estrada e estava ali para ajudar na negociação com o pessoal da policia e da Via Bahia. Um dos que eu já havia conversado anteriormente falou, é mesmo, ele está ajudando. Neste momento após vários apelos, eles concordaram em entregar as ferramentas e alguns, juntamente com alguns  dos representantes da empresa Via Bahia e Policia Rodoviária Federal, para dar sequência às negociações. Formaram um grupo e dirigiram-se no próprio carro da empresa e também da P. R. F., na intenção de fechar a negociação nas dependências das instalações da empresa, que ficava ali próximo.
        Algum tempo depois, alguns começaram a gritar. Acabou... Acabou... Naquele momento voltei para a estrada vicinal, onde havia parado o nosso carro e avisei ao senhor que estava na barreira, onde varias pessoas estavam tentando passar.  Chegando também um carro com alguns jovens moradores e parentes do morto, para ir para o enterro, eles concederam a passagem. Em outro momento, com a aglomeração de novos carros que iam chegando, os ânimos começaram a  se exaltar e alguns diziam, ninguém passa mais aqui! Outro carro chegou! também transportando um enfermo, insistindo muito conseguiu passar. Enquanto isto lá na pista acabava de chegar o pessoal da empresa com um caminhão de água para apagar o fogo e outro caminhão, para iniciar as obras, acompanhadas de um grupo de trabalhadores.
     O cansaço daquela parada não planejada, também nus atingiu e nos enervou, querendo ser liberados forçávamos a passagem na estrada vicinal de encontro à barreira, impedindo outros carros de passarem, o velho negro, com a cara bastante fechada e balançando a cabeça negativamente, teimava em não deixar ninguém passar, negando os apelos à todos. Nisso, os carros se aglomeravam para que ninguém mais pudesse passar no intuito de forçar a abertura da barreira, fazendo pressão, para que abrissem  e pudéssemos prosseguir a viagem, afinal, foram três horas e meia naquela situação.           
      Finalmente, chegou um dos principais manifestante e mandou liberar a estrada, como já estava no inicio da fila, fomos um dos primeiros a passar, entramos na cidade e pegamos a pista em direcção a Jequié, após driblar a grande fila de caminhões que havia sido formada desde o inicio do dia nas duas direcções. Finalmente entramos na ponte do Rio Paraguaçu e começava a se distanciar da cidade, enquanto uma grande fila de carros ónibus e caminhões iam ficando para trás. Enquanto perseguíamos com a viagem de volta, observamos que a fila atingiu cerca de 20 km para adiante e para trás, em toda a  extensão de cada lado da estrada.
         Finalizando então, observamos que a concessão da Via Bahia para assegurar a conservação da estrada, ainda  é precária. No entanto, a arrecadação passa dos milhões, diariamente arrecadados, a estrutura construída para que eles pudessem trabalhar, é de primeiro mundo,  é um investimento que no momento só beneficia a infra-estrutura de cobrança do pedágio pela  empresa, enquanto a conservação da estrada... Resume-se na limpeza dos acostamentos, na sinalização ainda é precária e no transporte alternativo de suporte,  para prestação de socorro ao longo da estrada que  deixa a desejar,  quanto a estrada em si, resume-se no velho  “tapa buracos”  e recapeamento em alguns trechos da estrada que  carece de duplicação e uma nova pavimentação, estrutura de tele comunicação em funcionamento, e atendimento hospitalar de emergência adequado, para melhor atender os usuários em caso de urgência.
         O resultado deste manifesto em relação ao atendimento foi assegurado com a construção dos redutores de velocidade, mas, o prejuízo ambiental para o planeta, foi péssimo, pois a fumaça oriunda da queima de pneus, deixada na atmosfera, foi muito grande, contribuindo para o aquecimento global.            
        "Seria bom que no futuro, as soluções sejam mais bem planejadas para servir aos usuários da estrada, para que não ocorram acidentes. Aos manifestantes, que sejam mais coerentes com o meio ambiente e façam barreiras ecológicas, sem o uso de fogo, pois no final das contas, todos perdem? E aos motoristas, que evitem beber para dirigir, pois com quebra-molas ou sem, sempre irá ocorrer acidentes, e neste sentido, vidas seriam poupadas. A Polícia Rodoviária Federal, agradecemos pela vontade de atender aos usuários e actuar mais educativamente em todas as estradas brasileiras.

                                             António Lourenço de Andrade Filho
                                                         Ambientalista



















































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