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sábado, 26 de setembro de 2015

Karirí Sapuyá renasce e volta a terra natal!






Karirí Sapuyá renasce e volta a terra natal


Dia 25 de setembro aconteceu o primeiro encontro indígena em Jequié, fato este que não ocorria desde o século XVlll, quando ainda existia  aldeias Indígenas na região. A aldeia Caboclo da Batateira as margens do Rio dos Índios, ou atual Riacho da Santa Rosa, onde  comemoravam com cânticos e danças as suas  tradições, portanto, há  mais de  135 anos isto não acontecia.  
A Estrada de Ferro Tram Road de Nazaré iniciou sua construção em 1880 e chega a Jequié, quando foi inaugurada em 15 de novembro 1927 pelo Governador Góes Calmon. Ainda sem trilhos, ligaria Nazaré ao litoral passando por Jequié, que por razões políticas  parou.
O traçado adentrou em áreas de matas virgens em todo o Vale do Jequiriça, atingindo também o Vale do Rio das Contas, local onde existiam muitas aldeias indígenas naquela época. A construção da estrada proporcionou o surgimento de várias cidades, conseqüentemente, houve a expulsão e a escravização e morte de centenas de indígenas que habitavam aquelas regiões. Mais tarde por força da Lei de Nº 198, de 21 de agosto de 1897, do Poder Executivo do Estado da Bahia, diferentes grupos indígenas foram, em épocas distintas, remanejadas para a área da reserva Caramuru Paraguaçu.
 De Olivença, teriam vindo contingentes, Tupinambá ou Tupiniquim, Aimoré e Gueren, também conhecidos como botocudos provenientes do sudoeste; de Santa Rosa, os Karirí Sapuyá, que já viviam ali e outros haviam sido expulsos de Pedra Branca, situada na porção sul do Recôncavo baiano; os tabajaras, do vale do Jiquiriçá. Atualmente vive na região algumas famílias indígenas remanescentes, que permaneceram nas redondezas da periferia da zona urbana de Jequié e cidades circunvizinhas, os quais, são descendentes direto do povo original que ainda persistiram na região,  mesmo após terem tomado as terras onde costumavam habitar. A Sesmaria Cabocla da Batateira na região de Santa Rosa.
A partir do ano de 2010, estudos comprovaram que aqui existiam indígenas, embora miscigenados existiam famílias de descendentes diretos dos Karirí Sapuyá, quando se iniciou estudos que resultaram na confirmação científica de que realmente se tratava do mesmo grupo original, mas, não  mais aldeados ou com qualquer vestígio de  tradição, apenas tinha na consciência de seu passado a origem indígena. O estudo resultou em um projeto, na fundação de uma associação para estudos e revitalização da cultura e descobrir a ancestralidade do povo de Jequié, com 60% de sangue nativo, a mesma matriz indígena nacional.
  Assim, a ACÍ-KASSAR, Associação Indígena Karirí Sapuyá da Santa Rosa, busca  reverter o quadro e novamente aparece com a proposta de   agregar  o grupo e de recuperar suas origens e tradições. A fundação desta associação acontece em 2011, na casa de D.Julia Francisco dos Santos, matriarca de uma família de cinco filhos, que em um momento de calamidade, durante as chuvas  foi vítima de uma cheia e encontrava-se desabrigada,  quando foi acolhida pelo então prefeito Landulfo Caribé, que ofereceu a casa  para morar, dando-lhe um recibo de propriedade no endereço afirmado no processo. Anteriormente a  casa pertencia a uma cooperativa e foi posta como garantia por uma empresa de construção, que após construir um loteamento, deu como garantia (credito caução) para a Caixa Econômica Federal, que após a falência da mesma cooperativa, colocou o imóvel a venda, entretanto  sem fazer nenhum serviço social com a já antiga moradora proprietária, D Júlia, que ali permaneceu morando por muito tempo. Os compradores sucessivamente propostos compradores na CAIXA desistiram do imóvel logo que perceberam que ali morava uma pessoa que já desfrutava no mínimo de uso capião e assim desistiram da compra por duas vezes. Em 2011, um novo comprador aparece juntamente com a vendedora, CAIXA, que, sem fazer qualquer investigação social no imóvel, a decisão de expulsar os propensos moradores utilizando o método de venda ficando a critério do comprador a desocupação do imóvel que utilizou gratuitamente a força policial, jogando na rua uma senhora de 65 anos e seu irmão de 70 anos, causando grande dano moral, desrespeitando a idade e  despejando literalmente,  jogando-os na rua, os quais, já havia colocado um advogado que deixou correr a revelia o antigo processo, provocando assim revolta na população local.
Assim através da ACÍ-KASSAR, passa a acompanhar o caso juntamente com um novo advogado, Dr. Laura que busca através da justiça reverter o caso, onde aconteceu uma audiência que foi apoiada com a presença de índios da etnia Pataxó, representados pelo cacique Tainã e sua esposa Tupinambá Jurema, e três componentes da mesma aldeia, TXIHI KAMAYWRA em Coroa Vermelha. Assim, logo após a audiência, aconteceu uma reunião com a Prefeita, Dr. Tânia onde foram atenciosamente recebidos, a comissão reivindicou uma posição da gestora que prometeu resolver o caso, pois já  desenrola a muito tempo. A casa foi doada pelo antigo Prefeito Landulfo Caribé.

A ACÍ-KASSAR também acompanha o cacique Tainã e sua comitiva a um passeio na Zona Rural para conhecer alguns projetos agropecuários que poderá ser implantado em sua aldeia como sistema produtivo para prevenção e garantia alimentar.  

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