Meio ambiente talvez, quem sabe, sobre só a metade?

domingo, 28 de agosto de 2011

Carta Tenoderã, Postagem de Rose Wind e Poesia Mal Cacau, texto retirado do livro Covardia Ambiental de Antonio Lourenço de Andrade Filho

CARTA TENONDERÃ
por Rose Wind, sábado, 28 de maio de 2011 às 18:00
O Guarani é um grande conhecedor da Ka’aguy ovy que o Juruá, o não-índio, chama de Mata Atlântica. A Ka’aguy ovy é um espaço sagrado, é a morada de Nhanderu, o criador da vida. A destruição da Ka’aguy ovy pelo Juruá vem sendo acompanhada por nós Guarani há muito tempo. O Yvy rupa, como chamamos o território tradicional Guarani, vem sendo loteado e desmatado, gerando o esgotamento dos recursos naturais da Ka’aguy ovy.

Hoje, temos acompanhado o Juruá se mobilizando para resolver os problemas ambientais criados por seu modelo de desenvolvimento. Para o Guarani não é novidade o que vem acontecendo. Os Xeramoĩ, que são nossas autoridades espirituais, já nos alertavam há muito tempo, que um dia o Juruá iria perceber as conseqüências que suas atividades vêm trazendo ao meio ambiente. Por causa disto a natureza vem enviando sinais em forma de secas, enchentes, furacões e mudanças climáticas.

O mundo Juruá trata da natureza somente como um bem capital. Nossos antepassados nos ensinaram que os recursos da natureza devem ser usados com sabedoria. Os Juruás que poluem os rios e derrubam as matas não estão sendo sábios porque comprometem o equilíbrio da vida em prejuízo de todos, por isso, somos contrários a maneira como o Juruá vem tratando da natureza.

Os Xeramoĩ nos dizem que os animais são seres sagrados porque possuem um ser divino dentro de si; que o Homem não pode ser dono da água porque a água pertence a todas as formas de vida; que o Guarani deve respeitar os animais e os rios, porque servem a Criação e fornecem o alimento de nossas famílias. Aprendemos que a chuva que cai na Terra, enviada por Nhanderu, vem para alimentar a vida e limpar as impurezas do mundo. A água é parte importante de nossas cerimônias religiosas como o Yy Nhemongarai, o batismo de nominação Guarani.

O Guarani respeita a Criação, o Juruá ainda não aprendeu a respeitar. O Guarani contempla as belezas da natureza, o Juruá não aprendeu a apreciar. Nossos Xeramoĩ sempre têm nos falado que os problemas ambientais atuais não serão resolvidos pela ciência do Juruá e sim pela consciência da obra de Nhanderu. Para isto, nossos Xondaro, que são os guardiões da Opy, a casa de reza, com a sabedoria transmitida por nossos Xeramoĩ, saberão transmitir ao Juruá a forma Guarani de conviver em harmonia com a natureza, trabalhando juntos pela preservação da Ka’aguy ovy em benéfico da vida e de todos os povos.



                            http://www.ceplac.gov.br/radar/cacau.htm



POEMA MAU CACAU

A técnica, combate a mata
Mata a mata que não se defende
Quem sabe e não observa, traça
É como o cego que não quer ver

A vida que exuberante lhes atrai ganâncias
Morta por quem não lhe dar valor
Extrai de suas seivas, riquezas
Paga com  cinzas de árvores destruídas

A cultura que lhes arrancou as raízes nativas
Pela técnica que lhes modificou, as cabrucas
Por não ver suas riquezas e valores
Modificou as antigas e primícias
Por bananeiras balizadas e plantadas
Pela mão, cultivou em terras ocultas
Retirando a vegetação que ali, se encontrava

Da lavoura que lhes riquezas doou
Veio à vingança da técnica vil
Que jogam seus filhos para fora da mata
Jogados nas estradas sombrias e ao frio

Lhes contam histórias sem propósitos
Que enganam a suas esperanças
Bandeira fincada ao lado de moradas nômades
Que buscam invasões em terras alheias

A bandeira das promessas equivocadas
Trasgreções jogadas as marchas
Transformam em bruxas e varrem as riquezas
De tudo que lhes restou, nas matas

Empobrecendo toda a região cacaueira
Comprometendo a mata, agora vencida
Lhes restam mudar hábitos, dos que querem ali viver
Das lembranças dos tempos áureos

Os gaviões olham de longe
Ocupando cargos, rapinam
Como são hostis, as hordas
Não tem consciência
Nem se lamentam
Estão empanturrados
São a escoria das ações malditas
 Que envergonham as nossas histórias

Que enganaram os coronéis
Comeram em seu próprio prato
E vomitam vinganças
Moldurados em uma falsa ideologia
Planejaram os malefícios e vinganças

Que usam como fechada
Para cometer covardias
Sujando o nome da empresa
Que deveria ser nobre e forte
Mas agora é pobre
Por quem a usou, para trair seus irmãos
 E destruiu a mata
Patrimônio de uma Nação

António Lourenço Filho

                               http://societaeco.blogspot.com/2010/06/imagens-da-mata-atlantica.html





Pequeno histórico da Mata Atlântica (Texto retirado do livro: COVARDIA AMBIENTAL, O GOSTO  AMARGO DO  CHOCOLATE ?                                                      

O bioma Mata Atlântico, outrora compreendia boa parte da costa leste
brasileira, riquíssima em biodiversidade e de uma beleza
ímpar, reduzida a menos de 6% de sua cobertura original, hoje espoliada
e degradada em todos os aspectos. Sua rica fauna hoje reduzida a
pouquíssimos animais, que são caçados até mesmo nas áreas de proteção
ambiental, como em Monte Pascual e Pau Brasil, onde são vendidos nas
estradas sem receio, as vistas dos representantes da lei, que não
conseguem sanar os problemas, quais, se tornarão crônicos e irreversíveis.
O desmatamento nunca parou, pois as retiradas clandestinas acontecem
em horários contrario a atuação dos órgãos ambientais, que parecem
não enxergar o problema. A grande devastação da área de mata atlântica
na Bahia e parte do Espírito Santo devem-se em sua maioria a extração pelo sector
madeireiro clandestino e pela forte retirada das áreas nativas que são destinadas ao
cultivo do cacau. Modelo adotado nos últimos quarenta anos, criado por técnicos do órgão responsável.
Parte destes projetos, autorizados e mal direcionados pela CEPLAC no que toca a sustentabilidade, que adotaram como
manejo a supressão de vegetação (limpeza total das matas) e o plantio
de bananeiras. Estas   deveriam  ter sido  utilizadas corretamente em áreas já
degradadas e já desmatadas para recuperação. Ao contrário erradicavam totalmente a vegetação nativa e replantavam com bananeiras  balizadas em substituição as matas. Com esta pratica, incentivou a degradação de boa parte das
matas no sul da Bahia, erradicando a fauna a flora e a perda de grande parte da
biodiversidade natural, autorizando projetos sem levar em consideração o meio
ambiente e a sustentabilidade. Com  a prática utilizada, a bananeira  servia de sombreamento
enquanto o cacau  crescia, logo após, era substituída pelo plantio de
uma espécie de árvore de nome aletrina, para o sombreamento, supostamente substituiria as matas nativas.
    O que nos resta agora é criar um  órgão
reflorestador  através da própria CEPLAC e adotar um manejo na  agricultura e agro florestas,
preservando os remanescentes florestais e tentar uma nova participação com ênfase
na agricultura familiar, tentando reparar os erros do passado, que, sem
dúvida, não deve ser atribuída a empresa CEPLAC e sim na má gestão de pessoas que
mal intencionados,  usaram as suas dependências para praticar o mal, utilizando  uma política de vingança, causando um grande prejuízo e um problema social grave
em toda a região  do cacau. Às vezes quem tem o poder nas mãos, se preocupa tanto em se manter no poder, que se esquece de planejar para quem os elegeu, e perdem a chance de ter feito algo maior, que sem dúvida, o poder jamais poderá comprar.
 A dignidade humana e o respeito pelos seus semelhantes.


Dia 27 de maio dia de pensar na revitalização da mata atlântica. Atenciosamente

                           

                                     António Lourenço Filho
                                          Ambientalista
                                               Blogger
                                   AVANÇO AMBIENTAL








                            






Um comentário:

  1. Está escrito, que o homem destruirá o planeta?Não que ele tenha escrito isto
    , mas seus atos, fazem com que a sua própria existência seja destruida.

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