Karirí Sapuyá renasce e volta a terra natal
Dia 25 de setembro aconteceu o primeiro
encontro indígena em Jequié, fato este que não ocorria desde o século XVlll, quando
ainda existia aldeias Indígenas na
região. A aldeia Caboclo da Batateira as margens do Rio dos Índios, ou atual
Riacho da Santa Rosa, onde comemoravam
com cânticos e danças as suas tradições,
portanto, há mais de 135 anos isto não acontecia.
A Estrada de Ferro Tram
Road de Nazaré
iniciou sua construção em 1880 e chega a Jequié, quando foi inaugurada em 15 de
novembro 1927 pelo Governador Góes Calmon. Ainda sem trilhos, ligaria Nazaré ao
litoral passando por Jequié, que por razões políticas parou.
O traçado adentrou em áreas de matas virgens
em todo o Vale do Jequiriça, atingindo também o Vale do Rio das Contas, local
onde existiam muitas aldeias indígenas naquela época. A construção da estrada proporcionou
o surgimento de várias cidades, conseqüentemente, houve a expulsão e a escravização e
morte de centenas de indígenas que habitavam aquelas regiões. Mais tarde por
força da Lei de Nº 198, de 21 de agosto de 1897, do Poder Executivo do Estado
da Bahia, diferentes grupos indígenas foram, em épocas distintas, remanejadas
para a área da reserva Caramuru Paraguaçu.
De
Olivença, teriam vindo contingentes, Tupinambá ou Tupiniquim, Aimoré e Gueren,
também conhecidos como botocudos provenientes do sudoeste; de Santa Rosa, os
Karirí Sapuyá, que já viviam ali e outros haviam sido expulsos de Pedra Branca,
situada na porção sul do Recôncavo baiano; os tabajaras, do vale do Jiquiriçá. Atualmente
vive na região algumas famílias indígenas remanescentes, que permaneceram nas
redondezas da periferia da zona urbana de Jequié e cidades circunvizinhas, os quais,
são descendentes direto do povo original que ainda persistiram na região, mesmo após terem tomado as terras onde
costumavam habitar. A Sesmaria Cabocla da Batateira na região de Santa Rosa.
A partir do ano de 2010,
estudos comprovaram que aqui existiam indígenas, embora miscigenados existiam
famílias de descendentes diretos dos Karirí Sapuyá, quando se iniciou estudos
que resultaram na confirmação científica de que realmente se tratava do mesmo
grupo original, mas, não mais aldeados
ou com qualquer vestígio de tradição,
apenas tinha na consciência de seu passado a origem indígena. O estudo resultou
em um projeto, na fundação de uma associação para estudos e revitalização da
cultura e descobrir a ancestralidade do povo de Jequié, com 60% de sangue nativo,
a mesma matriz indígena nacional.
Assim, a ACÍ-KASSAR, Associação Indígena
Karirí Sapuyá da Santa Rosa, busca
reverter o quadro e novamente aparece com a proposta de agregar
o grupo e de recuperar suas origens e tradições. A fundação desta
associação acontece em 2011, na casa de D.Julia Francisco dos Santos, matriarca
de uma família de cinco filhos, que em um momento de calamidade, durante as
chuvas foi vítima de uma cheia e
encontrava-se desabrigada, quando foi
acolhida pelo então prefeito Landulfo Caribé, que ofereceu a casa para morar, dando-lhe um recibo de
propriedade no endereço afirmado no processo. Anteriormente a casa pertencia a uma cooperativa e foi posta
como garantia por uma empresa de construção, que após construir um loteamento,
deu como garantia (credito caução) para a Caixa Econômica Federal, que após a
falência da mesma cooperativa, colocou o imóvel a venda, entretanto sem fazer nenhum serviço social com a já antiga
moradora proprietária, D Júlia, que ali permaneceu morando por muito tempo. Os
compradores sucessivamente propostos compradores na CAIXA desistiram do imóvel
logo que perceberam que ali morava uma pessoa que já desfrutava no mínimo de
uso capião e assim desistiram da compra por duas vezes. Em 2011, um novo
comprador aparece juntamente com a vendedora, CAIXA, que, sem fazer qualquer
investigação social no imóvel, a decisão de expulsar os propensos moradores
utilizando o método de venda ficando a critério do comprador a desocupação do
imóvel que utilizou gratuitamente a força policial, jogando na rua uma senhora
de 65 anos e seu irmão de 70 anos, causando grande dano moral, desrespeitando a
idade e despejando literalmente, jogando-os na rua, os quais, já havia
colocado um advogado que deixou correr a revelia o antigo processo, provocando
assim revolta na população local.
Assim através da ACÍ-KASSAR,
passa a acompanhar o caso juntamente com um novo advogado, Dr. Laura que busca
através da justiça reverter o caso, onde aconteceu uma audiência que foi
apoiada com a presença de índios da etnia Pataxó, representados pelo cacique
Tainã e sua esposa Tupinambá Jurema, e três componentes da mesma aldeia, TXIHI KAMAYWRA em Coroa Vermelha. Assim,
logo após a audiência, aconteceu uma reunião com a Prefeita, Dr. Tânia onde
foram atenciosamente recebidos, a comissão reivindicou uma posição da gestora que
prometeu resolver o caso, pois já
desenrola a muito tempo. A casa foi doada pelo antigo Prefeito Landulfo
Caribé.
A ACÍ-KASSAR também
acompanha o cacique Tainã e sua comitiva a um passeio na Zona Rural para
conhecer alguns projetos agropecuários que poderá ser implantado em sua aldeia
como sistema produtivo para prevenção e garantia alimentar.
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